quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dia Mundial da Saúde

Imperador Amarelo

Como todos os dias devem ser dias saudáveis, ainda dá tempo para publicar uma linda reflexão sobre a atuação de profissionais da saúde, de autoria da nutricionista Drª Deise Lopes, estudiosa em Dietoterapia Chinesa e excelente amiga.

"Olá a tod@s! Hoje é o Dia Mundial da Saúde e várias ações estão se desenrolando no país e no mundo em comemoração a esta data.
Como todos destas listas somos profissionais de saúde (ou deveríamos ser...), gostaria de oferecer uma reflexão sobre o tema!
Durante os anos de faculdade sempre me questionei como poderíamos nos formar profissionais de saúde, se o tema saúde raramente ou nunca era debatido de verdade. Aprendíamos fisiologia, epidemiologia, (muita) patologia, tratamentos diversos dependendo da área, mas não discutíamos o básico. O que é, afinal saúde? Como o conceito de ausência de doença foi considerado limitado evoluiu-se para o conceito de “bem estar” e aí vieram as críticas dizendo que o conceito de bem estar era muito subjetivo! Aí me dei conta por que não discutíamos Saúde na faculdade: por que na nossa formação acadêmica e científica não há espaço para subjetividades...Só dados objetivos, químicos e estatísticos são importantes!
Mas quando caímos no mercado de trabalho damos de cara não com “casos” mas com pessoas. Seres humanos, lotados de subjetividades, de angústias, alegrias, conceitos, crenças...E aí não sabemos lidar com eles por não aprendemos nada disto. Não aprendemos a lidar com emoções (nem com as nossas que dirá as dos outros), com dor, com sofrimento, com morte, com entusiasmo, com fé, com paixão... Aliás, na nossa sociedade não aprendemos isto em lugar nenhum, em casa, na escola, com os amigos, que dirá na faculdade, quando já somos quase adultos. Aí vamos para o tal mercado de trabalho e aí começamos a ter problemas de “adesão” ao tratamento, casos “insolúveis”, reações “paradoxais” entre tantas outras frustrações, com as quais, também, não sabemos lidar.
Então a reflexão que ofereço neste Dia Mundial da Saúde, não é um busca por um conceito melhor, nem por um sistema melhor de saúde (embora, sim, tenha muuuuuito a melhorar), mas por um olhar para dentro de cada um de nós: o que é ser saudável para cada um de nós? Que componentes são fundamentais para esta sensação de bem estar? Com certeza muitas coisas que ultrapassam o chamado “campo da saúde”... Estamos saudáveis? Se não estamos, por que não? O que podemos fazer para nos tornarmos mais saudáveis?
E aí com certeza descobriremos que o conceito de saúde é dinâmico e circunstancial. É diferente em diferentes culturas, em diferentes tempos, em diferentes pessoas e até na mesma pessoa ao longo do ciclo da sua vida.
Se nós, profissionais de saúde, não estivermos dispostos a fazer esta reflexão, como podemos pedir que nossos pacientes tenham “força de vontade” e “disciplina” para cumprir as recomendações que fazemos a eles e muitas vezes não cumprimos? A saúde, embora possa sofrer muitas interferências do meio, é um estado individual e uma coisa que nossa cultura de massas baseada no egocentrismo esqueceu foi justamente no valor de olhar para dentro para descobrir as diferenças, as singularidades de cada um.
Trabalhamos hoje no que eu chamo de política do “cala boca corpo”. Dor? Analgésico! Infecção? Antibiótico! Inflamação? Antinflamatório! Gastrite? Antiácido! Não que estes recursos não sejam importantes e tenham o seu momento de serem utilizados, mas o caso é que hoje não damos a menor chance do nosso corpo se manifestar e tentar nos mostrar que algo não vai bem. Muitos desconfortos podem ser seu corpo clamando por descanso, lazer, afeto, arte, silêncio, contemplação, coisas por demais escassas nos dias de hoje. Não há remédio que resolva isto!
Então é isso que desejo a todos neste Dia Mundial da Saúde: que cada um se cuide cada vez mais e que aprimore a escuta dos recados do seu corpo. Como minha inspiração nesta busca sempre foi a medicina chinesa compartilho com vocês uma frase ímpar de um dos mais antigos livros sobre saúde do mundo, o Nei Ching ou o Clássico do Imperador Amarelo.

“Tomar remédios depois que o corpo já adoeceu, é semelhante à ação daquele que forja armas depois da guerra ter começado ou começa a cavar um poço depois de já estar com sede. Não seriam estas providências demasiado tardias?”

Um abraço e saúde!

Deise Lopes
Nutrição, fitoterapia, medicina chinesa.
Produção de eventos e cursos em saúde e qualidade de vida.
deiselopes@institutovidauna.com.br
www.institutovidauna.com.br
61 32026121
SCLRN 715 BL. E lJ. 39
Brasilia DF

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